domingo, 6 de março de 2011

Fantasy of Love - Aparência

Ela estava aliviada. Já faziam três dias que mais nenhum bilhete ou surpresas haviam sido entregues a ela.

Ele estava satisfeito. Sabendo que sua escolhida deveria estar se sentindo melhor e esquecido por completo de como ele era fisicamente, assim como as amigas dela também. Os óculos, o chapéu e o casaco haviam escondido parcialmente sua identidade e dado uma personalidade singular para o moço que elas conheceram.

Agora, sem esses apetrechos, ele aparentava ser muito mais jovem. Tinham um rosto escultural com um maxilar largo que pendia sobre um corpo esbelto, resultado de alguns meses que ele havia frequentado a academia e que mantia com exercícios físicos regulares. Seus olhos eram um pouco profundos e castanhos; parecia que ele fazia suas sobrancelhas pois não havia falhas; lábios semi-carnudos; o nariz, não era grande, nem pequeno, na medida perfeita. O cabelo escuro reluzia pela quantidade de gel que ele tinha de usar para deixá-lo pra trás com uma pequena mecha na frente caindo sobre a face. Ele evitava ficar admirando-se ou orgulhoso de sua aparência.

- Coisas do ego. Sou assim porque me sinto bem desse jeito, e não para agradar aos outros. Não é por causa disso que vou me achar melhor do que os magros ou os gordos. Boa aparência não existe, isso é apenas o modo como a sociedade vê as pessoas para sentirem-se melhores que as outras. Quase ninguém enxerga isso, alguns vivem dentro de seus mundos, outros vivem dentro do mundo de suas familias ou amigos, de sua cidade, de seu estados ou de seu país. Mas poucos são aqueles que vivem com a visão ampliada para o mundo inteiro e até para fora dele. Qualquer um que compare sua situação e seu físico com gente de todos os lugares do mundo, ira perceber o quão diferente somos um do outro, e não é porque existem aqueles que criaram um físico desejado pela maioria, que eles devem ser usados para comparar os outros. Se não existir um padrão para comparar, não existe comparação. Assim eles aceitariam todos e ninguém seria pré julgado pela aparência. Não haveria preconceitos."

Ele conhecia muito bem as regras, os limites e as condições - invisíveis - que existem dentro das mentes humanas que são criadas pela mídia. E por mais que ele soubesse que a beleza era muito mais além do que um amontoado de roupas e corpo, ele tinha de se vestir "bem" para a ocasião a seguir. Precisava causar uma boa impressão caso ela fosse esse tipo de pessoa, mas ele também faria um teste com ela sobre isso.

As 12:30 ele saiu de casa vestido com metade do terno. A blusa pendia sobre o ombro, a camisa social sem gravata e a calça de veludo. Olhou para o relógio pratiado.

- Está cedo. Talvez eu devesse comprar uma lembrançinha  para ela.

E foi assim que Zack saiu, naquele dia nublado, rumo ao primeiro encontro com Cristina, que nesse momento, acabara de vender um tênis e estava se preparando para o almoço.

- Amiga, anda! Nós estamos perdendo tempo, é capaz que agente nem consiga um lugar. - Amy tentava arrastar Cristina enquanto ela queria conseguir mais um cliente antes de sair.

- Espera, só mais um e agente vai. Eu prometo...

- Não, você vai comigo agora, Cris! Ainda temos que retocar a maquiagem. Eu não quero sair parecida feito bruxa! E acho que nem você, então pare de choramingar e venha!

- Mas eu quase não uso maquiagem! - 

-Então me acompanha só.

Cristina cedeu as reclamações de sua colega e foi com Amy até o vestiário. Enquanto ela abria seu estojo de cosméticos, Cris se encarava no espelho dizendo pra si mesmo que estava pronta.

- Como assim você não usa maquiagem?

- Não gosto e acho desnecessário,

- Ah! minha filha, você diz isso porque você fica bonita mesmo sem. Mas garanto que poderia corrigir umas coisinhas ainda.

Nisso Amy tinha razão. Cristina possuía uma beleza natural. Ruiva, e com cabelo de dar inveja a muitas garotas, ela esbanjava sensualidade. Os olhos verdes, o rosto liso e cheio de curvas suaves que acabavam num queixo fino, davam a ela uma característica de garota misteriosa. O boca era larga e tinha o lábio superior fino comparado com o de baixo. O nariz pequeno dava a impressão de que suas bochechas eram grandes. Ela não fazia a sobrancelha e nem puxava os cílios, que em vez de deixar ela com aparência de rapaz, mantinha a beleza dela mística. Ela não ligava muito para seu corpo, tinha barriga e era um pouco mais gorda que suas colegas. Apesar disso atraia muito a atenção dos homens, pois mesmo não tendo um corpo de modelo, tinha atributos que eram muito valorizados por eles.

Ela encarou sua amiga, que estava passando batom.

- Corrigir? Maquiagem deveria ser usada somente para realçar...

- Falou a beleza em pessoa, agora ande, passe pelo menos alguma coisas para "realçar" então.

Cristina pegou um batom quase da mesma cor de seus lábios e passou. Amy resmungou dizendo que isso não havia melhorado muita coisa mas que já era um início. Então as duas partiram em direção ao restaurante próximo dali, onde almoçavam quase todos os dias.




Fantasy of Love - Capítulo 4: Aparência




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