sábado, 15 de outubro de 2011

Ascensão(Fundo do poço)


Pelo meu rosto escorre suor
Começo olhar ao redor
Um amontoado de tijolos
De todos os tipos e jeitos, até parecem olhos.

Eu os reconheço um por um 
como se fosse ontem.
Não me esqueço de nenhum.
Posso vê-los muito bem.

Uma vez ouvi dizer
Que chegar ao fundo do poço
É o melhor coisa que pode acontecer.

Minha visão parece ter mudado
O sol que, pra mim, só me machucava
Agora esta do meu lado
E seca esta terra molhada.

Mexa-se, Mova-se.

Se alguém pudesse me ouvir
E assim me ajudar...
Por mais que eu grite.
Minha voz não chega lá.

Mova-se, Erga-se.

Meu corpo parece reagir
O barro seco começa a quebrar
Uso a força que ainda me resta
Para dessa camisa-de-força me soltar.

Pareço até uma borboleta 
Quando está em metamorfose.
Que precisa soltar o cinto de segurança
Com paciência, força e perseverança.

O casulo só abre enquanto empurrar, o tempo passar
E por todo esse processo atravessar.
Pois só assim ela poderá sair e voar.

Depois que estou livre
A chuva começa a cair
Antes ela só enchia mais meu coração.
Hoje ela limpa o meu corpo da lama do chão.

Nas minhas costas
Algo começa a surgir
Um belo par de asas
"Finalmente poderei sair daqui."

As paredes parecem sussurrar
Como se temessem e admirassem.
Uma pressão do ar tenta me derrubar
A influência delas não vai adiantar.

A poucos metros do topo
Fecho meus olhos
O que sinto no instante seguinte
Sou incapaz de definir

A paisagem é magnifica
O mundo finalmente posso contemplar.
Há milhares de pessoas 
A maioria não consegue me enxergar.

O sol ofusca a sua visão
Assim como ofuscava a minha.
E faz caírem direto no buraco,
Nos poços de cada vida.

Cada qual com sua profundidade,
Meu desejo era entrar neles
Tirar cada ser humano do fundo deles.

Me lembro então
Que se assim fizessem comigo
Não teria essas asas
Que me mantém vivo.

Foi assim que caí.
Querendo ver o céu.
O mistério da vida
Por trás desse véu.

Depois da queda
A primeira vista
A luz vira nossa pior inimiga.



Nós a tememos
Aprendemos a não gostar dela
Até a odiá-la.

Somos exposta a ela de várias formas
Todo os dias sequentes
Afim de nos acostumar
Com sua energia reluzente.

A lua passa a ser nossa amiga
Por que sempre está com a gente.

Ao redor, pertinho.
Sumindo, Surgindo.
Transformando, Mudando.
Quase sempre sorrindo.

O que faço então
É alimentar a esperança.
Onde não houver estrelas
Ilumino e faço o papel delas.

De dia volto a subir
Rumo ao globo solar
Para junto come ele
Uma grande luz me tornar.

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