sábado, 15 de outubro de 2011

Cotidiano escolar.


O sinal toca,
a tortura vai começar
Na sala, bola de papel,
voa p'ra todo lugar.

Espero que até o final da aula
Nada me atinja...
Tarde demais
O alvo esta na mira.

"Acerta aquele ali
Quietinho na dele
Tenho certeza
Que não vai mexer com a gente"

Algo me acerta na nuca
A bola cai na frente
A vontade que da
é de quebrar o delinquente

Que me jogou isto.
"Não tenho chance,
Ele está em maior número.
Melhor jogar no lixo."

"Ainda bem que é pequena.
As vezes é maior e recheada,
As vezes é lançado 
com elástico, ou tubo de caneta,
bolinhas de papel molhado"

Na aguá, não.
Na saliva.
O que é melhor
Pois humilha

Muito mais...
A intenção é essa
Fazer a festa
E zuar a galera

Estudar que é bom
Esta fora de cogitação.
Atrapalhar os outros é legal
Faz se sentirem o maioral

O sino soa, hora do intervalo
Pelo menos aqui, talvez
Tenho um pouco de sossego.

Que ingenuidade a minha...
É aqui que precisam mostrar poder
Para assim mostrar para todos
Quem são e o que podem fazer.
Se com eles nós tentarmos mexer.

Nem brincar posso
E já viro motivo de piada
Ameaçado por eles
O jeito é ficar parada.

Volto a ouvir aquele som familiar
Todos subimos.
Alguns saem correndo
E tentam fazer os outros tropeçar
"Só espero que ninguém chegue a se machucar"

Professores parecem cegos
Ninguém da escola vê nada
Sem saída, só nos resta ficar de boca fechada.

O aviso deles é claro
"Se alguém reclamar pra diretora
Vai ter que nos enfrentar lá fora"

Tudo que aconteceu
Antes do intervalo
Se intensifica desse lado.

Ameaças com chutes nas cadeiras.
Tom de voz agressivo.
Tapa na orelha, caderno tirado da mão
E depois lançados no ar direto pro chão.

Lição para fazer, baderna para lá e pra cá.
Suportar todos dia essa humilhação.
Não é mole não.
Faz andar lado a lado com a solidão.

Andar com a solidão é terrível.
Por mais amigos, colegas e familiares que se tenha
Só alguém que tenha passado ou passe por algo assim
É capaz de diminuir essa sensação sem fim.

A linha entre a morte fica fina.
Tanto a nossa, quanto a ideia de mandar
todos que fizeram isso, para aquele lugar.

Chega o final, o sino soa novamente.
Finalmente paz, até fico contente
Até pensar que amanhã será a mesma coisa
"Até quando vou permanecer nisso?"

Dizem que o tempo está do nosso lado
Neste caso, o tempo vira nosso inimigo.
Tudo que conseguimos enxegar
É quando for mais velho e a escola terminar
Jamais vou querer voltar.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Relacionados:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...